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Rua Direita

Rua Direita

02
Mai11

Manifesto - 2ª Edição

Rua Direita

Portugal atravessa hoje a mais profunda crise institucional, económica e social de que há memória e tem novamente de recorrer a ajuda externa para tentar sair da situação em que se encontra.

 

Há quem pense que esta crise é um mero reflexo local de um problema global, que não nos obriga a mudar de vida. E há também quem acredite que esta crise se deve apenas ao feitio ou à incompetência de quem nos governa.

 

A nossa convicção é outra. A crise que vivemos, que não se explica apenas pelo contexto internacional, tem claramente um rosto mas resulta essencialmente de um percurso: o rosto de José Sócrates, um percurso de socialismo.

 

É por isso que, nestas eleições, a escolha não é entre rostos ou partidos: é entre políticas. A situação é de tal forma grave que aquilo que importa assegurar, mais do que a renovação de rostos ou que alternância partidária, é que o próximo governo se oriente por políticas aptas a resolver os principais problemas de Portugal: o endividamento, o crescimento, a mobilidade social, a reforma do Estado e das instituições e a justiça.

 

Este é de facto um momento excepcional, que impõe uma resposta excepcional. E a nossa convicção, no actual panorama político português, é que essa resposta passa pelo reforço eleitoral das políticas que o CDS tem apresentado desde 2009.

 

Esta é pois a rua daqueles que consideram que chegou o momento de votar CDS. É por isso uma rua de eleitores, que espelha a diversidade do eleitorado que vai votar no CDS e que representa a pluralidade de razões, nem sempre coincidentes, que motivam esse voto.

 

Não concordamos com tudo o que o CDS é, nem queremos concordar. Não fazemos todos parte do CDS, nem queremos fazer. Não gostamos todos dos mesmos políticos, nem queremos gostar. Não somos um órgão oficioso do CDS nem queremos ser.

 

Esta rua abriu em 2009 e não parou de crescer desde então. Faz por isso sentido recordar, terminando, aquilo que então deixámos como motivação: Esta Rua pretende ser um espaço onde se discutem questões de interesse comum a todos os que se revêem nesta filosofia. É também um espaço que espera a crítica daqueles que não o integram. Todos serão bem-vindos e ninguém se verá excluído. Abre-se, portanto, a todos que a queiram frequentar, nem que apenas de passagem.

6 comentários

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    Henrique Nunes 08.05.2011

    "como se define ideologicamente (...) (uma questão importante para mim)."


    Caro António,


    permite-me que lhe pergunte porquê?


    Isto porque, cada vez mais tendo a considerar as ideologias, qualquer ideologia, mais como instrumentos de castração do pensamento crítico, do que linhas-mestras estruturantes do pensamento...


    Como alguém que votou PS e manifesta vontade de conhecer o CDS, sinto-me curioso em saber os motivos que o levam a considerar semelhante conceito importante para a sua decisão acerca de quem é mais indicado para liderar o País.


    Note que não estou a ser irónico, mas sincero. Também tenciono votar CDS (Paulo Portas, mais rigorosamente), mas é a primeira vez que aqui passo, e achei o seu comentário interessante...
  • Sem imagem de perfil

    António Parente 08.05.2011

    Caro Henrique


    No actual quadro partidário há dois partidos em que não votarei em qualquer circunstância: PCP e BE. Porquê? Por questões de natureza ideológica, isto é, não me reconheço nos seus projectos de sociedade.


    Sobram-me três: PS, PSD e CDS. 


    O PS conduziu o país à actual situação, cometeu erros de política económica grave, não respeitou os seus compromissos com os eleitores nem reconheceu culpas próprias na situação a que chegámos e deixou de merecer a minha confiança. O seu actual líder parece-me ter um perfil adequado a ciclos económicos expansionistas onde não existam restrições financeiras do lado da despesa pública, não possui constância nas suas ideias e posições políticas e é, por isso, um factor de instabilidade política.


    O PSD é actualmente um partido liberal e propõe soluções que, na minha opinião, são desadequadas à situação económica e financeira que atravessamos. Não me parece revelar preocupações de natureza social e não apresenta uma liderança que me desperte entusiasmo. 


    O CDS tem revelado, nos documentos que consultei no site, preocupações de natureza social, tem um programa equilibrado e moderado e o seu líder tem mostrado competência na forma como tem actuado nos últimos meses. E agora talvez o choque: o CDS está, neste momento, mais à esquerda que o PS e o PSD, sem perder a sua matriz e identidade de direita.


    O problema é que eu não sei o que é o CDS: é um partido democrata-cristão? É conservador? Um misto dos dois? Ou o seu programa e a sua identidade variam de acordo com as lideranças? Hoje aquilo que o CDS é deve-se à personalidade de Paulo Portas ou independentemente do líder existe coerência nas ideias e no projecto político do CDS?


    Ao contrário do que pensa, uma ideologia não cria entraves ao pensamento crítico. Pode-se ser democrata-cristão e ter um postura de direita ou esquerda. Pode-se ser conservador em termos sociais mas liberal em termos económicos. Pode-se ser social-democrata e defender na prática uma agenda liberal ou, pelo contrário, uma espécie de capitalismo estatal. As fronteiras das ideologias alargaram-se: se falar com alguém do PCP talvez ele lhe diga que fica satisfeito em estar no poder, controlar e regular o capitalismo ao mesmo tempo que cobra generosos impostos para financiar aquilo que chamará economia social. As fronteiras das ideologias esbateram-se, é certo, mas ainda há elementos que as identificam.


    Um partido sem ideologia, parece apenas um grupo organizado de forma pragmática para conquistar o poder. As suas propostas podem variar ao sabor das modas e isso não é bom para mim. Eu acredito que os partidos servem o bem comum e não interesses particulares. Quero continuar a acreditar nisso.


    Nos partidos, o pensamento crítico é controlado pelos estatutos. Leia-os e vai ver que todos têm uma parte disciplinar para controlar os excessos críticos. Ninguém é penalizado por se dizer democrata-cristão, liberal ou conservador no CDS desde que manifeste o seu apoio total ou incondicional ao líder. Mas se disser que o programa do partido não presta, não me parece que vá ter uma vida muito fácil... 


    Já agora: tenho 51 anos e sou economista. A idade que tenho talvez justifique as divergências de visão que tenho com as pessoas que escrevem aqui. Parece-me que a maioria, pelo estilo de posts que publicam, são muito novas em relação a mim. Isso nada tem de mal, é apenas uma evidência.


    Para terminar: já decidi que vou votar em branco no dia 5 de junho.


    Um abraço,
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    Henrique Nunes 10.05.2011


    Caro António,


    obrigado pela sua resposta. Permita-me argumentar:


    "Pode-se ser democrata-cristão e ter um postura de direita ou esquerda. Pode-se ser conservador em termos sociais mas liberal em termos económicos. Pode-se ser social-democrata e defender na prática uma agenda liberal ou, pelo contrário, uma espécie de capitalismo estatal."

    E já viu que grande confusão que é? Se se pode ser tudo isso, e muitas outras coisas, qual a necessidade de trazer atrelada a etiqueta de uma ideologia? Porque se há-de ser social-democrata e defender uma agenda liberal? Porque é que não se poderá simplesmente dizer "agora e considerando o status quo, defendo um agenda liberal, pois estes e aqueles motivos"?


    Repare que eu não estou a defender aqui nenhuma espécie de anarquia! Mas acho que o sistema político tem necessariamente de evoluir. As grandes ideologias do séc. XX têm os dias contados, parece-me. Abaixo explico melhor...

    "Um partido sem ideologia, parece apenas um grupo organizado de forma pragmática para conquistar o poder. As suas propostas podem variar ao sabor das modas e isso não é bom para mim. Eu acredito que os partidos servem o bem comum e não interesses particulares."

    Verdade, mas apenas se partir do pressuposto que o objectivo de um partido é obter o poder. Mas se, em vez disso, for influenciar o poder, já faz mais sentido um ecosistema de partidos (movimentos seria mais correcto) pequenos com objectivos específicos, libertos de princípios ideológicos constrangedores. Para exemplo, considere o Partido Pirata. Em Portugal acho que ainda não é oficialmente, mas já é em alguns países europeus. O objectivo é abolir ou reformar, pelo menos, o copyright e propriedade intelectual. Eu sou favorável a estas propostas, mas como enquadrá-las? Esquerda? Direita? Mas porquê, e para quê?


    Já agora, tenho 27 anos e sou engenheiro informático. Não se enganou em relação a mim, pelo menos... e vou votar CDS. 
    Sendo economista, permita-me que lhe sugira um pequeno exercício. Durante a campanha, atente nas vezes em que ouve argumentar com números e contas, e penso que reconhecerá facilmente a liderança do CDS nesse aspecto.
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    António Parente 10.05.2011

    Caro Henrique Nunes

    Tenho de me render às evidências. Nestas coisas sou pragmático: se vejo que não tenho razão não insisto nos meus erros e se econtro ideias melhores do que as minhas, mudo-as (depois de as analisar e ponderar...). Se a maioria pensa que as ideologias acabaram (não é só neste blog que li isso, está espalhado por todo o lado), então elas acabaram mesmo por estarem ultrapassadas. Ou então surgem nos programas eleitorais com outro "embrulho" e "vestidas" de "pragmatismo".
     
    Neste fim-de-semana, o Francisco Louçã apelou ao voto dos centristas no BE. Fê-lo por aquilo que o Henrique diz no seu comentário: as ideologias estão ultrapassadas e ele considera que as propostas do BE podem ter o apoio dos jovens que já votaram ou pensar votar CDS. Isto também me levou a pensar que o Henrique tem razão.
     
    Os partidos que defendem interesses particulares não se enquadram ideologicamente, é verdade. Podem funcionar como voto de protesto e têm sucesso (no caso que referiu) em sociedades onde o bem-estar social leva as pessoas a interessarem-se por questões particulares.
     
    Eu tenho seguido o percurso do CDS e do seu líder nos últimos tempos e tenho ficado agradavelmente surpreendido, reconheço-o.
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    Henrique Nunes 10.05.2011

    Caro António,


    também não vale a pena pôr a carroça à frente dos bois! E talvez também não me tenha exprimido da forma mais rigorosa. O que eu queria dizer é que as ideologias clássicas estão obsoletas. Não que o conceito ideologia deva desaparecer. Antes pelo contrário! Penso que hoje há mais espaço para ideologias mais diversas, mais concretas. Por outras palavras, o espaço ideológico torna-se mais orgânico, mais celular se quiser.
    O que há hoje já é isso. A própria história dos partidos evidencia isso mesmo. A facilidade com que os partidos abdicam ou distorcem aspectos das suas (supostas) ideologias, ou as várias correntes que se podem identificar dentro destes, são manifesto sinal de que elas só estorvam. 
    A política portuguesa (e mediterrânea no geral) é dominada por uma (suposta) ideologia: a de "esquerda". Há os de "esquerda" e os outros (por omissão, de "direita"). Ora, o que é "ser de esquerda", pergunto eu? Penso que se fizer esta pergunta a várias pessoas, sobretudo as que afirmam "ser de esquerda", verá que, com mais ou menos filosofia, todas acabarão por lhe dar uma resposta que se pode resumir a "é a ideologia boa". Mas se analisar concretamente os que (dizem que) professam essa ideologia, também verá facções múltiplas, que muitas vezes se guerreiam entre si sem quartel. Ora isto não faz sentido nenhum, pois se todos os "de esquerda" afirmam a superioridade da sua ideologia, seria de esperar um consenso que fosse além da simples hostilização dos "não crentes", que é, na práctica a única coisa que todas as facções e sub-facções têm em comum (vide PCP, BE, PS), pois que divergem em tudo o resto. 
    Então, afinal para que serve a ideologia de "esquerda"? Para os que a professam serve de engodo e truque de ilusionismo, pois é-lhes permitido posicionarem-se num plano superior à partida, pelo mero reconhecimento da ideologia que professam (e por aqui teríamos pano para mangas...); para os outros, serve para estorvar, já que é sempre necessário formular as posições numa maneira polarizada, de "esquerda" ou de "direita".
    Mas o que me impede a mim de ser, por exemplo, a favor do aborto e liberalização da cannabis (esquerda) ao mesmo tempo que defendo uma restrição severa dos benefícios dos não-contribuintes (direita, supostamente)? Nada. É natural que encontremos múltiplas combinações deste género na sociedade, e o sistema político tem que ser capaz de ter em consideração esta pluralidade. Mas hoje não tem. As pessoas continuam a ser classificadas como sendo de "esquerda" ou não, e as que não cabem numa caixa ou noutra, obrigam a que forjem termos perfeitamente obtusos ou que se procure torcer uma qualquer representação geométrica da política por forma a fazê-las caber nas caixas.


    É deste tipo de ideologias que falo: esquerda, (direita já não existe hoje em dia, é tudo o que não for "esquerda"), liberalismo, constitucionalismo, social-democracia, democracia-cristã, etc, etc.


    Tudo isto não invalida que não haja princípios, e aí sou claro: as sociedades devem estabelecer quais os princípios pelos quais querem viver, e, a partir daí conjugarem-se das múltiplas formas possíveis para atingirem os entendimentos necessários à sua progressão (de que convém esclarecer o significado também, pois é muitas vezes assumido, mas poucas esclarecido).


    Resumindo, eu voto de forma pragmática: procuro identificar a pessoa mais competente, mais habilitada, mais perspicaz e mais dedicada ao futuro da Nação. E voto nela. Estas características definem concretamente, quase por si só, uma ideologia, essa sim verdadeira e universal que é a do serviço para com o próximo e a Nação, que parece em desuso ultimamente. Do meu ponto de vista, pouco mais precisamos do que isso. Agora, Portugal, precisa sobretudo disso. O resto é conversa.


    Obrigado por me aturar...
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