Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Rua Direita

Rua Direita

06
Jun11

So long

José Meireles Graça

Acabou.


Dentro de uns dias a realidade começará a cair sobre nós. Não vai ser pêra doce: o que precisa ser feito contará com a oposição da rua, sob a égide do PCP e dos farrapos genuinamente revolucionários do BE, e talvez - essa a incógnita - de um PS estatista que é e travestido de partido revolucionário que às vezes lhe convém fingir ser.

Não sabemos - eu decerto não sei - como vai ser. Hoje por hoje tenho direito a um suspiro de alívio e esperança: Que Sócrates seja definitivamente o has-been da política da miragem, dos truques, do Estado metediço, controleiro, caloteiro e modernaço; que a imensa legião dos boys vá fazer pela vida, sem que nos lugares vagos apareçam sósias da nova maioria; que o Governo restaure um módico de sanidade, seriedade e probidade na gestão da coisa pública; que o Estado se reforme sob a senda da humildade e da contenção - que saia, numa palavra, das costas e do caminho de quem pode e sabe honestamente fazer alguma coisa por si, que é ainda a melhor maneira de fazer alguma coisa pelos outros.


Esteve boa a festa por aqui, pá. Conheci gente interessante e boa e com eles participei numa empresa comum a troco de nada senão, pela minha parte, do desejo de despertar algum meneio de cabeça concordante e, com sorte, algum sorriso de anuência.


Espero e desejo que nos caminhos da vida nos voltemos a encontrar. E agradeço à Filipa, ao Adolfo e ao Tomás terem-me permitido trazer para aqui uma incontinência verbal que só se tem passeado por cafés e rodas de amigos.

06
Jun11

Bom vento da Velha Albion

José Meireles Graça

Com desculpas pela grosseria da imagem, os porcos, quando têm o focinho na gamela, vêm só o que lá está. Para ver a big picture precisa-se de alguém de fora - se quem está de fora não estiver cego pelo preconceito e pela ignorância.

Daniel Hannan conhece Portugal; e não tem de nós a imagem miseranda que nós próprios temos. Comenta aqui as eleições. Comenta-as bem.

06
Jun11

Consulado-Geral na Nova Zelândia

José Meireles Graça

Paulo Portas (CDS): "Terminou o consulado de José Sócrates à frente do País."

Pois terminou. Mas o novo governo bem poderia tomar uma medida profilática, ainda que despesista: Nomear o Engº Pinto de Sousa nosso Cônsul em Auckland. Parece que ele anseia por ser feliz, e Auckland é o sítio ideal para o efeito. A ter que ser feliz nalgum lado, que seja nos antípodas.

04
Jun11

A aposta nas novas tecnologias fortemente de esquerda

José Meireles Graça

É fatal como o destino: Sempre que o Estado práfrentex resolve ajudar os cidadãos via Internet sucede alguma coisa má. Há minutos, fui ao endereço http://www.cne.pt/cne-mc/ - queria conferir onde voto amanhã. Fui brindado com a seguinte mensagem: The site is currently not available due to technical problems. Please try again later. Thank you for your understanding.

 

Lá que é fino, é. O nosso Presidente fala connosco  via Facebook, a gente em vez de desesperar ao balcão desespera frente ao computador e somos todos muito modernos. Todos não - há por aí alguns maduros que acham que ou se fazem as coisas como deve ser ou não se fazem. E, quando se fazem mal, as cabeças devem rolar; porque, se não rolarem, o descaso continua. Eu sou um desses maduros.

03
Jun11

In illo tempore

José Meireles Graça

O excelente Fernando Moreira de Sá defende aqui a sua dama, e defende-a bem. Em certo passo diz: "O problema é simples e natural, Paulo Portas e este seu CDS é igual a todos os outros e por muito que disfarce (e procurou disfarçar muito bem ao longo desta campanha) ele é o mesmo de 2009, de 2005, de 2002, de 1999 e de 1997."

Ó Amigo Fernando (perdoa-me a familiaridade?) por que razão se deteve em 1997? Se continuasse e fosse até aos alvores da Democracia, encontraria o CDS a votar isolado contra a Constituição, lavrada sob a égide do Conselho da Revolução e cristalizada numa forma de ver o Mundo que já então era obsoleta. E depois encontrá-lo-ia sempre do lado bom da barricada: a favor da livre iniciativa contra o papel central do Estado na vida económica, a favor da liberdade do cidadão contra o fascismo higiénico, a favor da liberdade no ensino contra o ensino jacobino, a favor das privatizações contra as nacionalizações, a favor de o País honrar a sua dívida (ao menos tentar) contra o calote comunista ... a lista é extensa. O PSD, tendo falhado o momento inicial, esteve quase sempre nestes combates. Quase. E mesmo agora que é tão semelhante ao CDS que ninguém acredita que uma coligação tenha dificuldades sérias de entendimento, não falta quem dentro do PSD, em caso de falhanço, se ofereça como alternativa. O PSD é sempre mais do que tem na montra - no armazém políticas e políticos alternativos espreitam.

Defenda a sua Dama, Fernando - faz bem. Mas não invoque contra o CDS a constância no tempo. Mesmo que o argumento histórico conte pouco (as pessoas pouco querem saber de coerências e incoerências partidárias pretéritas) ele milita a favor do CDS - precisamente o oposto do que diz.      


02
Jun11

A marca nova

José Meireles Graça

Há em cada eleição três, e apenas três, tipos de eleitores: os abstencionistas e votantes em branco, que delegam a escolha nos que votam; os clubistas, que votam sempre no mesmo partido; e os que dão o seu voto aos políticos de cujas promessas menos descrêem, na exacta medida em que entendam que tais promessas lhes convêm - a eles mais do que à comunidade.

Os votantes em branco querem enviar uma mensagem à classe política e aos outros eleitores. É duvidoso que uns e outros os ouçam, e, mesmo que ouvissem, não saberiam quais as correcções de trajecto que os levariam a votar - os votantes em branco irmanam-se na rejeição mas não nas soluções.

Dos clubistas - entre os quais me conto - o PCP é o que está mais bem servido, não evidentemente em valores absolutos mas em percentagem de fiéis. Mas todos têm o seu núcleo duro, e é este núcleo que explica que nenhuma projecção dê ao PS menos de 25%.

Os restantes, que vão decidir esta como decidem todas as eleições, foram traídos quando votaram no PS, porque não há promessa que tenha sido honrada, declaração que não tenha sido infirmada, tropelia que não tenha sido cometida, tudo cumulando com a colocação do País em regime de protectorado por diabos estrangeiros. Foram traídos muitos dos que votaram no BE porque queriam a síntese entre a igualdade que o PCP promete e a democracia parlamentar que o PS subscreve, e em momento algum o BE foi convincente a demonstrar que esse objectivo era viável. Foram traídos muitos dos que votaram no PSD porque sempre o PS deu a impressão de estar a levar até às últimas consequências vícios e erros que vinham de trás e sempre o PSD deu a impressão de estar à espera da situação ficar suficientemente podre para o Poder lhe cair nos braços.

O eleitorado está descrente, amedrontado e irado. O País tem sido governado por gente generosa, bem-falante, convincente e com as marcas registadas do progresso, da democracia, do bem-estar e da preocupação com os pobres. Deu no que deu.

Está na hora de testar uma marca nova.

31
Mai11

Patiotrismo

José Meireles Graça

Numa carta a Pinheiro Chagas, salvo erro, Eça estabeleceu a imperecível distinção entre patriotaças, patriotinheiros, patriotadores e patriotarrecas.


Ocorreu-me isto a propósito deste texto do Daniel Oliveira, embora não lhe faça a injúria de o encaixar em qualquer das categorias.


Os actuais e parte dos futuros governantes que Daniel - abençoada lucidez - já não tem dúvidas quem venham a ser, são taxados de "comissários" e "capachos", por se prontificarem a seguir a dolorosa receita que os credores propinam para, encostando a barriga ao balcão para nele alinharem 78 mil milhões, terem um módico de garantias de que irão ver de volta, se não tudo, ao menos uma parte do óbolo.


Neste desprezo envolve também os eleitores, porque, nas palavras dele, "A maioria dos portugueses acha que merece ser tratada com este desprezo. Aplaude a chegada do colono e acredita que ele vem pôr a piolheira na ordem. Aceita o insulto sem um protesto."


Eu discordo das escolhas que os meus concidadãos têm feito - há muito tempo. E não acho sequer que no próximo Domingo vão fazer a melhor escolha, apenas vão na boa direcção. Mas cada qual lê a Alma Portuguesa como quiser: a minha interpretação é que a maioria dos Portugueses, no nevoeiro dos números, das explicações do passado e das projecções do futuro, intui que não é mais possível continuar ano após ano a gastar mais do que se tem; e que, sendo necessário produzir mais e pagar a quem se deve, não é com a Esquerda ao timão que isso pode suceder.


Daí a passividade - não de uma qualquer atávica e bovina inferioridade.

31
Mai11

Doutrina e realidade

José Meireles Graça

rui a. é uma das pessoas - e não são muitas - que leio sempre com atenção e gosto. E não posso dizer que discorde, no essencial, de muito do que aqui diz sobre a história do CDS. Mas a política é, entre outras coisas, a arte do possível.

 

O discurso e a prática que rui a. gostaria que o CDS tivesse tido e tenha será doutrinariamente puro; mas a pureza na política paga pouco. Que o diga o PCTP/MRPP.

30
Mai11

Assalto às pinguinhas

José Meireles Graça

No início deste post disse que hoje ia conferir. Fui - não sou do PS, cumpro.

 

Liguei para o posto local da GNR. Liguei, liguei e voltei a ligar - nada.

 

Saí do trabalho e fui ao posto. A simpática agente que estava à porta, inteirada das minhas dúvidas, não as soube esclarecer, mas prontificou-se a ir lá dentro informar-se, munida da minha carta de condução. Regressou com a informação de que a carta estava caducada (não obstante ter sido revalidada até 2016), que já a deveria ter renovado até 3 de Maio último, que estava sujeito a contra-ordenação se conduzisse, e que me deveria dirigir ao Instituto da Mobilidade Não Sei Quê ou a uma Loja do Cidadão.

 

Perguntei onde é que ficavam essas entidades, mas a moça ignorava. Pelo telefone, um burocrata amigo informou-me que do Instituto sabia nada mas havia uma Loja do Cidadão na cidade vizinha, a 18 km, embora a tal loja "não tivesse todas as valências".

 

Lá fui e, chegado ao destino, estacionei num parque pago - cá fora não havia lugar. A simpática funcionária que atendeu o "Sr. José" (os senhores não são tratados pelo nome de família e as senhoras não são Donas - modernices) confirmou o que a agente da GNR havia dito, esclarecendo que iria precisar, entre outras coisas, de um atestado médico, em impresso próprio (0,20€) a passar pelo médico de família ou particular.

 

Lá irei ao meu médico (a 60km) - enquanto eu puder, para o meu médico serei um amigo e cliente, não um contribuinte e cidadão. Depois, juntarei fotocópias ("frente e verso na mesma página") de três documentos, uma fotografia "de boa qualidade" e o impresso mod. 1 IMTT, "preenchido a caneta preta".

 

Estarei então, finalmente, em condições de pagar 30€. Estes 30€, multiplicados pelas centenas de milhares de cidadãos que estão ou virão a estar nesta situação, são a verdadeira razão destas chatices. No taxation without representation, disseram os Pais Fundadores dos E.U.A, ou lá quem foi. Não sabiam das coisas: O Governo PS passa bem sem isso - basta fingir que os impostos são taxas.

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Contacto

ruadireitablog [at] gmail.com

Arquivo

  1. 2011
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D