Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Rua Direita

Rua Direita

06
Jun11

Esta rua acaba aqui...

Ana Rita Bessa

...mas pemitiu um grande passeio!

 

Quando me mudei para ela, quase por acaso, não conhecia ninguém.

Mas quem já cá tinha morado, tinha-me assegurado ser de boa gente. Gente que partilhava um visão do país, para além da "sua rua". Gente que sabia do que falava sem achar que sabia tudo, que se ouvia sem ter que concordar, que acrescentava sem ter que destruir e que sabia rir com a finura de um true british humor.

 

Confirmei integralmente!

 

Ontem, esta Rua que agora acaba, ficou maior do que si mesma. Se calhar é também por isso que faz sentido acabar. Porque os tempos serão outros e fazemos mais falta noutras ruas.

 

Como, ao longo destes dias,  fui "dando música" ao blog, parece-me justo terminar com esta, inteiramente dedicada aos meus vizinhos: you're the top!

 

06
Jun11

Este é o momento. Mesmo.

Ana Rita Bessa

Depois de uma entusiástica noite eleitoral - parabéns ao PSD e CDS- , começa agora a possibilidade de uma nova fase.

Desta vez não há espaço para comemorações prolongadas. Não há estado de graça. Há já um sprint inicial de trabalho.

 

É certo que muito dependerá do entendimento entre PSD e CDS, da nova liderança do PS e da intervenção do Presidente.

 

Mas muito - muitíssimo - dependerá de nós. Por isso, em tom de inspiração, aqui fica para este momento e para todos os dias:

 

03
Jun11

Este é o momento.

Ana Rita Bessa

Há uns tempos atrás visitei, na Biblioteca Nacional, uma exposição do espólio pessoal da Sophia de Mello Breyner.

 

Num dos seus escritos (de 1969), dizia:

 

"Entrei nesta campanha eleitoral para ajudar a modificar um sistema político e social que em minha consciência considero injusto.

A situação portuguesa é grave e urgente. Por isso, não podemos trabalhar apenas para a política do futuro. Temos que conseguir uma política para já. Temos que tentar conseguir já tudo aquilo que possa ser conseguido já".

 

Hoje, em 2011, revejo-me muito nestas afirmações. Na gravidade da situação, na necessidade de me envolver numa mudança consequente, na urgência de resolver o "já", sabendo que para isso, será preciso adiar algumas ideias (e ímpetos de grandes reformas)  para o futuro.

 

Como digo na biografia neste blog, não sou filiada no CDS. Mas encontrei aqui estas linhas fundamentais que me movem.

E um espaço plural, onde me encaixo e que me encaixa.

 

Sinalizar o sentido de voto é uma exposição com muitas consequências. Acho que só se faz por convicção. Para mim, "este é o momento".

30
Mai11

A questão social

Ana Rita Bessa

Sempre me incomodou muito que a "esquerda" se arrogasse de deter este território: a legitimidade para o discutir, as respostas para o resolver e a moralidade para o defender. E ainda hoje me incomoda.

 

Não por ser a "esquerda", nem por efectivamente nunca se ter provado que o seu modelo funcione. Mas porque, por definição, a questão social é da sociedade, isto é, de todos, pluralmente. Desde a esquerda, à direita, passando pelo centro.

 

O que sim é justo dizer é que, da "esquerda" à "direita", se apresentam formas diferentes de olhar para questão e, portanto, de a abordar.

 

Por isto é que me senti tão identificada com o que vem escrito no Manifesto do CDS:

 

"O
 CDS 
não 
abandona 
a 
questão 
social
 à
 esquerda

 

O CDS não deixa o monopólio das questões sociais e o combate à exclusão social nas mãos da esquerda e extrema ‐ esquerda que não têm soluções realistas.(...) Numa altura de austeridade tem de haver uma ética social nas decisões do Estado que não ponha o
 esforço sempre sobre os mesmos. (...) 


A actual crise económica e social criou novos riscos de pobreza associados ao desemprego, ao endividamento excessivo e à desestruturação familiar‐
a acumular com os problemasexistentes.


Perante a aplicação das medidas de austeridade, impõese uma orientação segura de protecção de quem menos tem ou mais ajuda precisa; a consciência que as mesmas medidas têm diferentes
 impactos em situações diferentes.

 

Na actual conjuntura,
 é necessário consolidar e reforçar as políticas sociais, como forma de diminuir os efeitos da crise nos sectores mais vulneráveis da população e importa apontar novos
 caminhos.
 Mais inovadores e mais transformadores. Logo, é necessário inverter a lógica de algumas medidas de política social,desenvolvidas pelo estado central, na sua grande maioria baseadas numa abordagem
 “top down”. Porque as políticas locais envolvem a comunidade, são baseadas na sua dinâmica própria e fortalecemna."

 

Encontro aqui subjacentes alguns dos valores mais fortes da Doutrina Social da Igreja (nomedamante o "princípio da participação, "princípio da solidariedade", "princípio da subsidiariedade", "princípio do bem comum", just to name a few).

 

Achei (e acho)  importante e significativo que o CDS re-visitasse as suas raízes, e assim reforçasse (parte) da sua identidade.

28
Mai11

Sobre a abstenção. Para pensar.

Ana Rita Bessa

Foi a 28 de Maio de 1911. Faz hoje 100 anos.

 

Carolina Beatriz Ângelo (1877−1911) dirigiu-se à Assembleia Eleitoral de Arroios, instalada no Clube Estefânia, em Lisboa, para votar nas eleições para a Assembleia Constituinte.

Semanas antes, requerera na Comissão de Recenseamento do Bairro onde residia a sua inclusão nos cadernos eleitorais, alegando preencher todas as condições especificadas no artigo 5.º do Decreto com força de Lei de 14 de Março de 1911: tinha mais de 21 anos, sabia ler e escrever e era “chefe de família” (…)

 

Perante a recusa de tal pretensão pelo Ministro do Interior recorreu do correspondente despacho para o tribunal (…)

 

Apoiada na autoridade desta decisão, Carolina votou nesse dia. Foi a primeira mulher a fazê-lo em Portugal – e durante largos anos a única.(…)

 

Porque a verdade é que muito embora a letra do artigo 5.º do referido Decreto com força de Lei de 14 de Março de 1911, ao conferir o direito de voto a “todos os portugueses”, aparentemente não diferenciasse homens e mulheres, a intenção do legislador fora — era sabido – bem outra: conceder tal direito apenas aos primeiros. (…)Para evitar a repetição e, quem sabe, a multiplicação de tão lamentável episódio, o novo Código Eleitoral, aprovado pela Lei de  3 de Julho de 1913, especificava com total clareza que seriam eleitores “todos os cidadãos portugueses do sexo masculino”** — explicitamente negando o voto à mulher. Ainda que fosse letrada e/ou chefe de família.

 

(por Joana Vasconcelos, no "É tudo gente morta")

24
Mai11

The times they are a-changing!

Ana Rita Bessa

Hoje comemoram-se os 70 anos de Bob Dylan.

 

Por ele, e para nós, aqui fica:

 

 

 

"The line it is drawn
The curse it is cast
The slow one now
Will later be fast
As the present now
Will later be past
The order is
Rapidly fadin'.
And the first one now
Will later be last
For the times they are a-changin'."
23
Mai11

Going up?

Ana Rita Bessa

O Alexandre Homem de Cristo, tem vindo a fazer uma série de bons posts sobre o Estado da Educação aqui.

 

Hoje trata do tema do "imobilismo social", a que o manifesto do CDS se refere como o "elevador social". E diz:

"No gráfico acima podemos ver que, entre estes países da OCDE, Portugal é dos que tem a maior taxa de persistência inter-geracional nos rendimentos. Isto significa que o gap entre os rendimentos dos indivíduos cujos pais completaram o ensino superior e os dos indivíduos cujos pais não completaram o ensino secundário é enorme e que, portanto, existe uma repetição geracional. Dito de outra forma,temos a maior taxa de imobilismo social: quem tem menor formação, tem por isso rendimentos mais baixos e filhos que também terão pouca formação e rendimentos baixos; e vice-versa."

 

Contra factos, não há argumentos. Mas há caminhos que, em grande medida, passam pela "Educação/Formação", nomeadamente:

 

A) Factores de remediação - dos quais são exemplo programas como o das Novas Oportunidades, cuja argumentação já apresentei aqui, e que, bem executado, pode gerar um duplo efeito: aumento das qualificações da população adulta e valorização da formação dos seus filhos.

 

B) Factores de prevenção - como seja (i) a universalização da rede pré-escolar, como meio de "nivelar" desde cedo eventuais diferenças de partida que podem condicionar percursos futuros, (ii) a aposta mais precoce na formação vocacional, como via legítima de escolha e conclusão com sucesso do - agora obrigatório - ensino secundário ou (iii) a autonomia das escolas, como meio de potenciar projectos educativos diferenciados que estimulem o talento (e a sua profissionalização) onde quer que se encontre.

 

Encontramos estas linhas nas propostas eleitorais de alguns partidos, como é o caso explícito do CDS. 

 

Para mim, trata-se portanto da confiança em quem as pode executar bem, como prioridade, para além do "papel". E em quem advogue a prática da "avaliação", como deveria acontecer com qualquer política pública...

18
Mai11

Uma nova oportunidade às "Novas Oportunidades"

Ana Rita Bessa

As "Novas Oportunidades" (NO) são um bom conceito que vem dar resposta a um problema estrutural de formação e qualificação em Portugal.

 

De acordo com o gráfico, comprova-se que, mesmo nos grupos etários "mais jovens", Portugal está muito abaixo da maioria dos países abrangidos pelos estudos da OCDE (Fonte: OCDE, Education at a Glance 2005).

População que tem qualificação de nível secundário ou mais (2003)

 

Portanto havia uma necessidade real a ser resolvida a nível da formação de adultos e este Programa a ela se dirigiu.

 

Dito isto, elenco uma série de apreciações:

 

  • Seguramente que este Programa que, note-se, abrange actualmente mais alunos do que o sistema regular, tem muito que melhorar em termos de "eficácia" e de "processos", como por exemplo, dando maior pendor à certificação profissional vs a validação de competências. A avaliação de que falo acima, seria justamente útil para percorrer este essencial caminho de melhoria.
  • Coloca-se finalmente a questão do custo-benefício, ao qual associo uma nota sobre a missão do Estado (dito social). Será que esta é a forma mais eficiente de resolver o problema que o gráfico acima ilustra? Com toda a honestidade acho a conta difícil de fazer. Porque se num prato da balança estão os custos de gerir este sistema, do outro não estão só os ganhos marginais de salário e produtividade para trabalhadores e empresas. Está também um valor intangível de valorização pessoal e de percurso de vida, traduzido em coisas tão simples quanto capacidade de tomar decisões mais informadas.
Há que separar o "trigo do joio", quer no que respeita aos centros de novas oportunidades (porque nem todos prestam a mesma qualidade de serviço), quer no que respeita às medidas e aos processos utilizados (muitos deles ineficientes).

 

Mas sabemos que há "trigo".

 

Paulo Portas mencionou-o na sua justa medida.

 

Até o próprio PSD, que levantou toda esta polémica, o reconheceu:"A vice-presidente da Agência Nacional para a Qualificação, Maria do Carmo Gomes, lembra que a avaliação desenvolvida pela Universidade Católica foi elogiada por antigos governantes do PSD, como David Justino e José Canavarro".

 

Portanto, há que separar o trigo do joio mas, por favor, para deixar crescer o trigo.

 

 

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Contacto

ruadireitablog [at] gmail.com

Arquivo

  1. 2011
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D