Outra vez a redução de deputados
Ainda agora, no "5 para a Meia-Noite", Passos Coelho voltou à carga com a lenga-lenga da redução de deputados. Quer-nos convencer de que, havendo uma redução proporcional, nenhum partido sai prejudicado. Não é verdade. A redução dos deputados implica um entorpecimento da capacidade política dos partidos com grupos parlamentares mais pequenos - de intervenção, de negociação, de trabalho quotidiano - que é incomparável com o efeito que se sentiria nos dois partidos da alternância. Não é a mesma coisa reduzir um grupo de 20 deputados para 10 do que um grupo de 100 para 50. Para além de que, concretamente, a redução beneficiaria injustamente os partidos onde o rácio quantidade/qualidade é mais vergonhoso (PS e PSD).
Percebo a atracção de Passos por esta panaceia: seria um antídoto administrativo para o crescimento do CDS e resolvia-lhe em grande medida o problema da canga de dependentes com que se vê obrigado a ornamentar a bancada (imagino a paciência necessária para aturar um friso daqueles).
O CDS, de cuja força muito poderá depender a formação do Governo, deve avisar desde já o quanto deplora e se oporá a estas eventuais tentativas de golpes canalhas.