Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Rua Direita

Rua Direita

01
Jun11

País na bancarrota... campanha pobre!

Filipe Diaz

É verdade que estas são umas eleições particulares, em que o governo eleito a 5 de Junho encontrará em cima da mesa um programa de governo que lhe foi ditado pelas instituições internacionais e que, muito antes de ser eleito, aceitou e se obrigou a cumprir.

 

Mas esta pré-formatação não pode, nem deve, esgotar o programa do governo, e as ideias e soluções para a situação em que o país se encontra. O papel do próximo governo não pode, nem deve, resumir-se à mera implementação do acordo assinado com a troika e à acrítica gestão dos negócios do país segundo os parâmetros que lhe foram impostos.  

 

Sendo certo que nos próximos três anos tudo terá de ser feito para assegurar o cumprimento do programa a que nos obrigámos (e assim evitar a situação a que chegou a Grécia), é ainda mais certo que o mandato do próximo governo se estende para além do termo da ajuda externa e que, com toda a probabilidade, o momento mais difícil e, nessa medida, desafiante surgirá exactamente quando nos voltarmos a encontrar entregues a nós próprios (a propósito, leia-se o excelente artigo de Bruno Faria Lopes no I).

 

É com esse momento em vista que o próximo governo tem de conduzir os destinos do país, de assegurar que, retirada a rede internacional, a economia é capaz de crescer e de se modernizar, que os clientelismos estão desinstalados e o aparelho de Estado funciona com eficiência, que a educação atingiu novos patamares de excelência e as próximas gerações serão melhor preparadas, que o sistema de saúde é sustentável e presta de forma equitativa um serviço essencial àqueles que dele necessitam, e que a segurança social é viável e não caminha para o inevitável defraudar de expectativas construídas sobre pressupostos ultrapassados e incomportáveis.

 

Ora, chegados à recta final da campanha eleitoral, creio que podemos afirmar que assistimos a uma campanha em que pouco ou nada (de interesse) se discutiu, em que se olhou demasiado para o passado e o futuro do país não foi objecto de debate, em que, com raras excepções, os rumos a seguir e as soluções a implementar, constando de algums programas e manifestos, não foram analisadas, esmiuçadas e explicadas ao país.

 

A campanha que agora começa a dar os seus passos finais foi assim uma campanha pobre, sem promessas ou perspectivas, à imagem de um país na bancarrota.

28
Mai11

Cozinhados

José Meireles Graça

O texto original do MoU foi originalmente traduzido pelos beneméritos do Aventar.

 

Depois apareceram mais dois documentos complementares, que o Aventar também traduziu.

 

Entretanto o Ministério das Finanças apresentou a sua tradução, mas dias após descobriu-se que a tradução não era fiel, acrescentando frases que não constam do original.

 

Agora sabe-se que aquilo que os partidos assinaram não é o documento definitivo do acordo com o triunvirato.

 

O Senhor Presidente não pode antecipar as eleições para o próximo Domingo? O que havia para dizer está dito, cada novo dia apenas prega um novo prego num caixão coberto deles e quem anda na campanha está farto de carne assada.

 

Os que não andam estão fartos de ser fritos, Senhor Presidente. A Vossa Excelência não parece que o estrugido já esturricou?

20
Mai11

Não foi a crise internacional, diz o Banco de Portugal

Zélia Pinheiro

A culpa do pedido forçado de ajuda externa feito por Portugal não é só da crise financeira internacional e da crise da dívida soberana europeia, defende o Banco de Portugal, citado hoje pelo Público: "Os investidores internacionais singularizaram a economia portuguesa principalmente em função do elevado nível de endividamento externo e do baixo crescimento tendencial, em conjugação com níveis do défice e da dívida pública relativamente altos e superiores ao esperado".

19
Mai11

O bom aluno

José Meireles Graça

António Nogueira Leite, que é, ou foi, professor de Economia, dá aqui uma aula. De dedo em riste, aponta à turma os alunos relapsos, com palavras severas: "O que parece é que nem Sócrates nem Portas o perceberam." Ah bom, os dois alunos no mesmo saco dialéctico? O que já chumbou no exame e insiste no asneirol, de um lado; e, do outro, o que ainda não fez exame mas outros professores acham exemplar? Olhe, Senhor Doutor, professores há muitos. Direi mesmo mais - de Economia são às pazadas. E é uma gente estranha: perante as mesmas doenças fazem diagnósticos diferentes, propinam terapêuticas diversas e até opostas, e de prognósticos então - olá cacofonia. Vá lá, na frase citada pelo menos estará acompanhado de outro membro do corpo docente: o consagrado Professor Louçã - embora este seja mais abrangente, por incluir no grupo dos ignorantes o melhor aluno da turma.

17
Mai11

O que os Outros Pensam...

João Ferreira Rebelo

Hoje de manhã tive de ir à Loja do Cidadão. Decidi apanhar o Elevador da Glória e no meio de dezenas de turistas, 2 italianos e 2 ingleses elogiavam sobejamente Lisboa.

 

Gabavam o nosso sol, a nossa arquitectura, a excelente gastronomia e a arte de bem servir. De seguida, já em tom de espanto, comentavam que se vive muito bem em Lisboa, que não se vê miséria, nem pobreza (depende por onde andaram, é certo) e concluíram, já com o apoio de outros turistas que os ouviam, que Portugal não precisa de ajuda externa, que tudo não passa de um embuste para gamar uns trocos aos vizinhos ricos da Europa.

 

Estive quase para pedir desculpa em nome dos Portugueses e para explicar que daqui a 3 semanas vamos finalmente ter um novo governo e mandar para casa aquele Senhor que nos deixou nesta situação. Mas por momentos tive receio de também eu poder estar a mentir…

Até os estrangeiros percebem que o nosso Governo não aumentou a dívida para fazer face a graves problemas sociais, mas antes para levar a cabo políticas megalómanas, grandes obras não urgentes e favorecer interesses pessoais.

 

O que nos falta para perceber também?

10
Mai11

Diferenças claras para uma escolha óbvia

Tiago Loureiro

Ao longo do debate de ontem, José Sócrates usou e abusou de um argumento que vai percorrer toda a sua campanha: entre o PEC 4 e o acordo celebrado com a troika não existem diferenças significativas, facto que revela o oportunismo daqueles que reprovaram o primeiro e que não hesitaram em dar o seu aval ao segundo.

 

Sem querer ir ao pormenor, há dois factos relevantes que tornam estes pacotes de austeridade bastante diferentes na hora de optar por um:

 

- Por um lado, a troika fará implementar em Portugal uma série de medidas com um impacto estrutural significativo no comportamento do estado e dos seus agentes, fazendo correcções duras mas inevitáveis para um país que se quer solvente e soberano;

 

- Por outro, este acordo com a troika arrasta consigo taxas de juros na ordem de metade do valor daqueles a que Portugal se conseguiria financiar com o PEC 4.

 

Portanto, nada mais justo do que dizer que, com a troika, conseguimos a “importação” de um princípio de projecto reformador do estado a… preço de saldo. Continuar na ilusão socialista era continuar a definhar. A diferença é óbvia. A escolha também.

08
Mai11

Realidade vs. ilusão

Tiago Loureiro

Um excelente exemplo da retórica ilusionista do PS, num texto que vale a pena ler na íntegra.

 

«Nem é preciso evocar o "sangue, suor e lágrimas" do velho Winston: os estadistas a sério distinguem-se pela franqueza com que anunciam as más notícias. Os estadistas do género do eng. Sócrates distinguem-se pela cara de pau com que anunciam as boas e disfarçam as péssimas.

Na terça-feira, o primeiro-ministro fez-se acompanhar de um vulto inerte e apareceu nas televisões a enumerar as medidas que não entrarão no plano da troika. Curiosamente, tratava-se das exactas medidas que, aqui há tempos, jurou integrarem a "agenda" do FMI caso o PEC IV fosse rejeitado. Em entrevista (à SIC) de 15 de Março, o eng. Sócrates descreveu o impacto imediato da ajuda externa: "Acabar com o 13.º mês, reduzir o salário mínimo, despedimentos na função pública." Em seguida, questionou: "É isto que queremos?" Era nisso que ele queria que acreditássemos. A 3 de Maio, todo contentinho, o eng. Sócrates informou a nação de que não se acabaria com o 13.º mês (nem com o 14.º). A 5 de Maio, os representantes da troika esclareceram que o fim do 13.º mês (ou do 14.º) nunca esteve em causa. Ainda a 5 de Maio, o ministro Silva Pereira perguntou (retoricamente, espero) a jornalistas de onde viera a ideia dos "cortes" no 13.º mês e no salário mínimo, ao que acrescentou: "Certamente não foi do Governo."»

 

Alberto Gonçalves, no DN.

07
Mai11

Os finlandeses, esses mal-agradecidos

Tiago Loureiro

Para além de serem "bota-abaixistas", os finlandeses são um bando de mal agradecidos. Pelo menos, essa é a nova tese que este vídeo quer fazer passar, ao mesmo tempo que usa alguns factos da História de Portugal e outros tantos do parolismo nacional, para exigir à Finlândia uma ajuda que não devem questionar.

 

Mas se a aposta do "Portugalnomics" é fazer birra, envergonhar e exigir à Finlândia a retribuição da solidariedade que lhes prestamos no passado, convém não esquecer algo básico: em 1940, o apoio de Portugal e outros países à Finlândia justificou-se pela sua brava resistência às constantes agressões soviéticas que a deixaram em péssimas condições. Hoje, o apoio da Finlândia e outros países a Portugal, deve-se, tão somente, a uma guerra muito menos digna: aquela que decidimos travar com a inteligência e o bom senso, e que nos levou a passar de um país grande e respeitado a um país mendigo e insolvente, capaz de envergonhar o melhor da própria história.

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Contacto

ruadireitablog [at] gmail.com

Arquivo

  1. 2011
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D