Sempre me incomodou muito que a "esquerda" se arrogasse de deter este território: a legitimidade para o discutir, as respostas para o resolver e a moralidade para o defender. E ainda hoje me incomoda.
Não por ser a "esquerda", nem por efectivamente nunca se ter provado que o seu modelo funcione. Mas porque, por definição, a questão social é da sociedade, isto é, de todos, pluralmente. Desde a esquerda, à direita, passando pelo centro.
O que sim é justo dizer é que, da "esquerda" à "direita", se apresentam formas diferentes de olhar para questão e, portanto, de a abordar.
Por isto é que me senti tão identificada com o que vem escrito no Manifesto do CDS:
"O
CDS
não
abandona
a
questão
social
à
esquerda
O
CDS
não
deixa
o
monopólio
das
questões
sociais
e
o
combate
à
exclusão
social
nas
mãos
da
esquerda
e
extrema ‐ esquerda
que
não
têm
soluções
realistas.
(...) Numa
altura
de
austeridade
tem
de
haver
uma
ética
social
nas
decisões
do
Estado
que
não
ponha
o
esforço
sempre
sobre
os
mesmos.
(...)
A
actual
crise
económica
e
social
criou
novos
riscos
de
pobreza
associados
ao
desemprego,
ao
endividamento
excessivo
e à
desestruturação
familiar‐
a
acumular
com
os
problemas
já
existentes.
Perante
a
aplicação
das
medidas
de
austeridade,
impõe‐se
uma
orientação
segura
de
protecção
de
quem
menos
tem
ou
mais
ajuda
precisa;
a
consciência
que
as
mesmas
medidas
têm
diferentes
impactos em
situações
diferentes.
Na
actual
conjuntura,
é
necessário
consolidar
e
reforçar
as
políticas
sociais,
como
forma
de
diminuir
os
efeitos
da
crise
nos
sectores
mais
vulneráveis
da
população
e
importa
apontar
novos
caminhos.
Mais
inovadores
e
mais
transformadores.
Logo,
é
necessário
inverter
a
lógica
de
algumas
medidas
de
política
social,
desenvolvidas
pelo
estado
central,
na
sua
grande
maioria
baseadas
numa
abordagem
“top
down”.
Porque
as
políticas
locais
envolvem
a
comunidade,
são
baseadas
na
sua
dinâmica
própria
e
fortalecem‐na.
"
Encontro aqui subjacentes alguns dos valores mais fortes da Doutrina Social da Igreja (nomedamante o "princípio da participação, "princípio da solidariedade", "princípio da subsidiariedade", "princípio do bem comum", just to name a few).
Achei (e acho) importante e significativo que o CDS re-visitasse as suas raízes, e assim reforçasse (parte) da sua identidade.