Uma campanha que o PSD não fez
O Duarte Lino, do Cachimbo de Magritte, resolveu dedicar umas linhas menos simpáticas ao CDS, ao mesmo tempo que semi-endeusava Passos Coelho, terminando um post, modestamente intitulado Diagnóstico Científico, com uma coisa parecida com uma ameaça velada precedida da conclusão que o CDS em campanha não quis ser aliado do seu aliado natural no governo - leia-se, o PSD.
A avaliar pela falta de sentido de realidade que o seu texto exprime poder-se-ia pensar que Duarte Lino tem estado a acompanhar outra campanha que não a destas eleições. Mas como é desta campanha que Duarte Lino fala vamos, antes de mais, ao óbvio. Quem quis que os dois partidos fossem a votos em separado foi o PSD e não o CDS e isto só por si serviria para demonstrar que quem não quis ser aliado do seu aliado natural no governo foi o PSD e não o CDS.
Mas é claro que poder-se-ia dizer que apesar de cada partido ir a votos em listas próprias nada impediria uma espécie de campanha de não agressão e se era nisto que Duarte Lino pensava ao fazer o seu Diagnóstico Científico estou tentado a dar-lhe razão.
Realmente, teria sido animador não ver o PSD fazer uma campanha tão centrada no apelo ao voto útil à direita como a que está a fazer, teria sido inspirador ver o PSD defender ideias nesta campanha que tivesse defendido antes, assim como teria sido encorajador não ver tantas vezes na campanha do PSD ataques, até pessoais, a dirigentes do CDS (em particular a Paulo Portas). Em suma, teria sido muito bom ver o PSD fazer a campanha que Duarte Lino diz que fez. Mas que por acaso não fez.
É claro que Duarte Lino não se referia a estes momentos da campanha pois é-lhe mais fácil culpar (mesmo que injustamente) o CDS de ignorar que "o país faliu porque era inevitável falir com o actual modelo", sendo que o actual modelo é concerteza o dos Orçamentos de Estado e dos 3 PECs que o PSD aprovou com o PS... enfim, pecadilhos do passado que o PSD está desejavelmente determinado em não repetir.
O problema de Duarte Lino não é a campanha do CDS, é antes o resultado que antevê que o CDS vai ter. Aparentemente Duarte Lino está naquela franja do PSD que gosta de um CDS a dizer o que tem que ser dito e a ter 5% de votos nas urnas. E no fim até ficaria bem ao CDS pedir, de chapéu na mão, ao PSD que o levasse consigo para o Governo.
Mas nestas eleições, que vão ser ganhas pelo PSD (e isto significa a caducidade da estratégia de apelo ao voto útil à direita), é o CDS que vai ganhar com votos o seu lugar no Governo, o CDS não formará governo com o PSD por favor deste. E no governo que sair destas eleições não é igual um CDS com 5% de votos ou com 15% de votos dos portugueses. Para mal dos pecados de quem no PSD pensa como Duarte Lino o CDS está mais próximo dos 15% do que dos 5%. Mas para esses, paciência, é o país que sai a ganhar.
Por último, quanto ao semi-endeusamento que Duarte Lino faz de Passos Coelho, não comento. É certamente uma questão de fé e quanto a isso não faço diagnósticos científicos.