Declaração de voto
"A vida corre inteira pela força das nossas mãos".
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"A vida corre inteira pela força das nossas mãos".
O estranho caso dos imigrantes figurantes e esta cedência tardia do PS aos outdoors (embrulhada numa desculpa esfarrapada com recurso à habitual técnica subtil do "disse mas não disse") significa o desespero. Sócrates está prestes a ser corrido e sabe disso.
A “distraída” pergunta de Passos Coelho só pode ter uma resposta “focada”...
by Paulo Portas on Sunday, May 22, 2011 at 1:58am
Eu acho que o PSD e o CDS não deviam perder muito tempo com críticas mútuas. Era uma das boas razões para ter feito uma aliança pré-eleitoral.
Porém quando nos interpelam - ainda por cima com uma insinuação - o silêncio é assentimento.
Será um pouco bizarro que Pedro Passos Coelho gaste um dia de campanha com o CDS e não com o PS. Mas foi o que aconteceu. De modo que a contragosto lá tive de lhe lembrar:
a) a posição do CDS sobre governar com José Sócrates é coerente ontem, hoje e amanhã: não.
b) na legislatura que acabou a soma aritmética do PS e do CDS dava maioria (97 deputados + 21 deputados = 118 deputados). Houve alguma coligação entre PS e CDS? Não. Factos são factos.
c) o que aconteceu então nos últimos 2 anos? Um regime de bloco central informal. PS e PSD juntaram-se no PEC 1, PEC 2 e PEC 3; juntaram-se no aumento de impostos e no congelamento de pensões; juntaram-se no código contributivo e nos recibos verdes; nas leis penais; e na viabilização do TGV; e contra os genéricos e a unidose; e pelo corporativismo dos gestores públicos. A lista podia continuar...
d) há um mês foi o líder do PSD - não fui eu - que admitiu chamar o PS para um seu governo.
Sendo as coisas assim é uma pena que o PSD me obrigue a lembra-las.
Assunto encerrado. É inútil fazer perguntas cuja resposta se conhece. Todos os que queremos uma mudança em Portugal temos a obrigação de não deixar os nervos da campanha comprometer o essencial.
Primeiro, porque mostra ao país uma intranquilidade que, longe de estancar a queda, apenas a agrava. E, depois, porque não se percebe como é possível atirar sobre o CDS e, ao mesmo tempo, prometer para 6 de Junho um tango entre Passos e Portas, caso o primeiro seja chamado para liderar o baile. O verdadeiro alvo desta campanha está à esquerda, não à direita. Se o PSD não perceber isto a tempo, vai começar a sangrar para os dois lados.
As notícias da ausência de estratégia por parte do PSD são manifestamente exageradas. O PSD tem um estratégia, sim: durante a semana, defende-se dos ataques do PS; ao fim-de-semana, ataca o CDS. Pena é que não sobre tempo para atacar o PS.
João, desde quando é que a palavra "manifesto" é de esquerda? Vai dizer isso ao Cameron ou à Thatcher, por exemplo. Aliás, repara bem na estrutura do manifesto da Thatcher e pergunta-te se ele não te lembra alguma coisa.
O Gabriel Silva discorda do estabelecimento de um limite constitucional ao endividamento do Estado, porque "a CRP não deve ser nem um programa, nem um espartilho, e sim o mais aberta e flexível possível para a cada momento respeitar a decisão do povo. Se querem por limites coloquem-nos no lugar certo: ao poder do estado sobre o cidadão".
O meu princípio de partida é exactamente o do Gabriel mas, precisamente por causa desse princípio, já estive bem mais longe de me deixar convencer da posição contrária. O meu modelo de constituição é o modelo clássico. Dela devem constar apenas duas matérias: organização do poder político e definição do perímetro de soberania interna e externa do Estado; e direitos e garantias dos indivíduos contra o Estado.
Ora, a concretização de uma constituição com esta natureza estrita pode variar consoante os tempos e as suas necessidades (eu posso defender o espírito da Magna Carta mas obviamente que o conteúdo literal vale para 1215 e não para 2011).
A verdade é que, conforme nos temos vindo a aperceber da forma mais dura, o endividamento de um país tem efeitos concretos e desastrosos em todas aquelas dimensões:
1. O endividamento excessivo acaba por implicar perda de soberania (que passa do Estado para os outros Estados, para as instituições internacionais e para os credores);
2. O endividamento excessivo acaba por implicar a diminuição dos direitos e das garantias dos indivíduos (porque conduz sempre a mais impostos, a mais regulação da vida das pessoas e das empresas, a mais investidas estatais sobre a propriedade, a privacidade e demais liberdades);
3. O endividamento excessivo acaba por implicar uma crise do sistema político - e, portanto, da própria constituição (porque leva a uma crise financeira e económica que é o alfobre perfeito para a crítica da democracia e do parlamentarismo. Bem o vemos em Portugal, com este espírito caudilhista que tem vindo a crescer na boca dos que defendem uma liderança musculada (e inconstitucional) do Presidente da República.
É para defender os valores que eu e o Gabriel temos por "sagrados" que a medida talvez faça mesmo sentido.
Quando Paulo Portas se demitiu em 2005, um dos resultados das eleições que no seu discurso da noite do sufrágio apontou como uma desilusão foi o facto de a votação no CDS ter sido inferior à que, juntos, obtiveram a CDU e o Bloco. Por mais pragmático ou prudente que seja na sua acção política, o CDS tem na sociedade portuguesa uma função ideológica de oposição ao socialismo em que é insubstituível. Independentemente da votação e do lugar relativo que ocupe nas preferências dos eleitores, não lhe deve ser indiferente que a direita parlamentar - aquela que, de facto, se assume como direita - fique abaixo ou acima da frente de extrema-esquerda anti-sistema. É também por isso que as perspectivas que aparentemente se abrem são positivas. O CDS pode obter mais votos que o PCP, o BE e o PEV juntos - e assim recuperar para a vida política portuguesa um nível mais satisfatório de salubridade democrática.
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