Temos assistido a alguma descoordenação interna do PSD, nomeadamente entre o seu líder e certos membros “menos tímidos” da sua equipa. O que de certa forma se compreende, pois dado o (mau) estado da Nação todos querem contribuir com ideias, sugestões, etc. Mas se aceitamos que venham a lume muitas ideias, muitas soluções, ainda que não coincidentes dentro do mesmo partido, já nos custa a aceitar que o PSD se desvie do alvo José Sócrates e comece também a disparar noutras direcções. Isto a propósito do eterno cliché do voto útil.
Em 2009, a bandeira do voto útil não serviu de muito ao PSD. Não só perdeu as eleições para José Sócrates, como viu o CDS crescer. Contudo, parece querer insistir na receita, o que honestamente não se compreende. Até os cidadãos mais desligados da política activa já começam a perceber que o binómio PS/PSD não é solução. Felizmente já muita gente percebe que há alternativas sérias e credíveis e só fazia bem à saúde do PSD ter noção disso mesmo, ao invés de insistir que só se justifica o voto nos dois típicos partidos que nos têm governado.
Por outro lado, no limite, esta posição favorece o voto no PS, pois aceita de barato que a alternativa para quem não quer votar no PSD é mais Governo com José Sócrates. E isto sim é verdadeiramente inaceitável, pelo que não devia sequer entrar na equação. Já bastam os votos de todos aqueles que acompanham o PS sem discutir (e que, infelizmente, continuam a ser muitos), mas vamos, por favor, ter um discurso decente e convincente para os indecisos e para os descontentes.
É caso para perguntar, voto útil, para quem? A quem é que é útil reduzir as hipóteses de voto ao PS e ao PSD? Não é aos Portugueses, com toda a certeza, pois, acima de tudo, essa escolha forçada é a grande responsável da abstenção e do discurso do “não vale a votar, são todos iguais…”. Não é verdade, não são todos iguais e há mais possibilidades. O CDS é sem dúvida uma delas, com provas dadas, gente séria, descomprometida e competente. E o PSD devia perceber (mais do que perceber, aceitar) essa realidade e dirigir as suas forças para o inimigo n.º 1 de Portugal e não para o CDS. E devia fazê-lo depressa, antes que, mais uma vez, seja tarde.