Sócrates nunca existiu?
Agora que as sondagens proclamam finalmente o separar das águas (como se pode ver aqui) e pela primeira vez me parecem sensatas quanto ao resultado do CDS, pergunto-me se o debate entre Passos Coelho e Sócrates tenha alguma coisa a ver com isto. Dizem-me que sim: que PPC venceu inequivocamente o debate, que Sócrates terá sido esmagado, que esse método rigoroso dos 659 telefonemas de amostra a seguir ao visionamento davam o primeiro-ministro como morto e enterrado.
Duvido: ou vi outro debate ou Passos Coelho esteve durante demasiado tempo intimidado pelo seu adversário, que usou as costumeiras retóricas de bolso e as emoções televisivas do costume: indignação, perplexidade, como podem fazer isto ao meu país, eu que fiz tudo etc. Passos Coelho teve sem dúvida bons momentos - o mais importante e eficaz aquele em que lembra ao primeiro-ministro que ele irá ser julgado não pelo que vai fazer mas pelo que fez e ainda está a fazer - mas aquela declaração final em que se justificava, quase pedindo desculpa foi desastrosa. Enfim, talvez seja só eu.
O que é certo é que começou o peditório para a maioria absoluta. E evidentemente, os ataques ao CDS vão subir de tom, como Sócrates já não existisse. Este tipo de arrogância pré-eleitoral pode custar caro ao PSD. Declarações tontas como esta de Nuno Sarmento já revelam algum medo e o habitual putativo direito aos votos do eleitorado de centro-direita que o PSD historicamente sempre achou que deveria ter.
Por nós, estamos tranquilos. O CDS cresce e é cada vez mais garante de uma transição rigorosa e fluida para dias melhores. Que o PSD se preocupe com outros adversários, bem mais perto deles. Nós por aqui continuamos a trabalhar.