RE: O cantinho do telespectador (parte 1)
O RAF insiste -- e faz bem, porque é eleitor do PSD -- em destacar a infeliz frase de Paulo Portas na qual este se diz sentir mais à esquerda do que o PSD em questões sociais. Infeliz, já o disse, porque me parece que Paulo Portas labora no preconceito dos eleitores, em vez de o desmistificar. Ou seja, em vez de demonstrar que a direita tem uma legitimidade social própria, prefere, talvez por ser mais fácil e as eleições estarem perto demais, trabalhar no preconceito geral de que é a esquerda a campeã da coisa.
Infelizmente, esta é uma estratégia comum. Pedro Passos Coelho, por exemplo, pelo meio de tiradas contra o RSI (quem diria?..), afirma que só o PSD pode defender o Estado Social. Se bem percebo Pedro Passos Coelho, a ver pelo entusiasmo do RAF no seu liberalismo, o PSD pretende mudar o modelo de Estado Social que temos. Mas em vez de demonstrar que o modelo de Estado Social tem de ser alterado, transformando-o numa outra coisa, Passos Coelho prefere, talvez por ser mais fácil e as eleições estarem perto demais, trabalhar no preconceito geral de que o Estado Social é o modelo último e perfeito, que apenas carece de uns acertos aqui e ali.
Quanto a qual dos partidos melhor pode acolher uma aproximação ao liberalismo, cá estaremos para ver o que nos trazem os próximos quatro anos, sendo certo que qualquer um dos partidos oferece motivos de sobra para afastar liberais. No entanto, os últimos anos não abonam a favor da tese do RAF de que os liberais se devem sentir melhor no PSD (basta dar uma vista de olhos ao poder exercido pelo PSD na Madeira e nas suas Autarquias para perceber que o liberalismo nem sempre abunda; e não esquecer que o voto no PSD em 2009 serviu para viabilizar 2 Orçamentos de Estado fantasiosos, para dar luz verde a 3 PEC desastrosos, para permitir a manutenção do Código Contributivo, para impedir a revisão do regime dos gestores públicos, para inviabilizar a suspensão das grandes obras públicas e de novas PPP etc... e tal).